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Voz dos Papas


A doutrina moral cristã
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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Tanto ou mais ainda que pelas verdades da Fé, é ao propor os fundamentos e os conteúdos da moral cristã que a Nova Evangelização manifesta a sua autenticidade.

A evangelização – e, portanto, a Nova Evangelização – comporta também o anúncio e a proposta moral. O próprio Jesus, precisamente ao pregar o Reino de Deus e o seu amor salvífico, fez apelo à fé e à conversão (cf. Mc 1, 15). E Pedro, com os outros Apóstolos, ao anunciar a Ressurreição de Jesus de Nazaré de entre os mortos, propõe uma vida nova a viver, um “caminho” a seguir para ser discípulo do Ressuscitado (cf. At 2, 37-41; 3, 17-20).


Procurar o modelo na Virgem Mãe de Deus e nos Santos

Tanto ou mais ainda que pelas verdades da Fé, é ao propor os fundamentos e os conteúdos da moral cristã que a Nova Evangelização manifesta a sua autenticidade, e, ao mesmo tempo, expande toda a sua força missionária, quando se realiza com o dom não só da palavra anunciada, mas também da palavra vivida.

Papa Joao Paulo II.jpg

“A responsabilidade pela fé e pela vida de
fé do povo de Deus pesa duma maneira
peculiar e precisa sobre os Pastores”

São João Paulo II recitando o Rosário durante
sua viagem à Bélgica, em junho de 1995

É particularmente a vida de santidade, resplandecente em tantos membros do povo de Deus, humildes e, com frequência, despercebidos aos olhos dos homens, que constitui o caminho mais simples e fascinante, onde é permitido perceber imediatamente a beleza da verdade, a força libertadora do amor de Deus, o valor da fidelidade incondicional a todas as exigências da Lei do Senhor, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

Por isso, a Igreja, com a sua sábia pedagogia moral, sempre convidou os crentes a procurarem e a encontrarem nos Santos e Santas, e, em primeiro lugar, na Virgem Mãe de Deus “cheia de graça” e “toda santa”, o modelo, a força e a alegria para viver uma vida conforme aos Mandamentos e às Bem-aventuranças do Evangelho.

A vida moral possui o valor de um “culto espiritual”

A vida dos Santos, reflexo da bondade de Deus – d’Aquele que “só é bom” -, constitui não apenas uma verdadeira confissão de Fé e um impulso para comunicar aos outros, mas também uma glorificação de Deus e da sua infinita santidade. Uma vida santa leva assim à sua plenitude de expressão e atuação o tríplice e unitário munus propheticum, sacerdotale et regale, que cada cristão recebe como dom no renascimento batismal “da água e do Espírito” (Jo 3, 5).

A sua vida moral possui o valor de um “culto espiritual” (Rm 12, 1; cf. Fl 3, 3), que brota e se alimenta daquela fonte inesgotável de santidade e glorificação de Deus que são os Sacramentos, especialmente a Eucaristia: com efeito, ao participar no sacrifício da Cruz, o cristão comunga do amor de doação de Cristo, ficando habilitado e comprometido a viver esta mesma caridade em todas as suas atitudes e comportamentos de vida.

Na vida moral, revela-se e atua-se ainda o serviço régio do cristão: quanto mais ele, com a ajuda da graça, obedece à lei nova do Espírito Santo, tanto mais cresce na liberdade, à qual é chamado através do serviço da verdade, da caridade e da justiça.

A evangelização nunca será possível sem a ação do Espírito

Na raiz da Nova Evangelização e da vida moral nova, que aquela propõe e suscita com os seus frutos de santidade e de missionação, está o Espírito de Cristo, princípio e força da fecundidade da santa Mãe Igreja, como nos recorda Paulo VI: “A evangelização nunca será possível sem a ação do Espírito Santo” (Evangelii nuntiandi, n.75).

Ao Espírito de Jesus, acolhido pelo coração humilde e dócil do crente, se devem, pois, o florescimento da vida moral cristã e o testemunho da santidade na grande variedade das vocações, dos dons, das responsabilidades e das condições e situações de vida: é o Espírito Santo – anotava Novaciano, nisto exprimindo a autêntica Fé da Igreja – “Aquele que deu firmeza aos corações e às mentes dos discípulos, que os iniciou nos mistérios evangélicos, que os iluminou nas coisas divinas; por Ele revigorados, não temeram as prisões nem as correntes pelo nome do Senhor; antes, subjugaram as próprias potências e tormentos do mundo, armados já e reforçados por seu intermédio, dotados que foram com os seus dons que este mesmo Espírito reparte e envia como joias à Igreja, Esposa de Cristo. É Ele, de fato, que na Igreja suscita os profetas, instrui os mestres, guia as línguas, realiza prodígios e curas, produz obras admiráveis, concede o discernimento dos espíritos, confere os encargos de governo, sugere os conselhos, reparte e harmoniza os restantes dons carismáticos, tornando, assim, por toda a parte e em tudo plenamente perfeita a Igreja do Senhor” (De Trinitate, XXIX, 9-10).

No contexto vivo desta Nova Evangelização, destinada a gerar e a nutrir “a fé que atua pela caridade” (Gal 5, 6), e em relação com a obra do Espírito Santo, podemos agora compreender o lugar que, na Igreja, comunidade dos crentes, compete à reflexão que a teologia deve desenvolver sobre a vida moral, assim como podemos apresentar a missão e a responsabilidade própria dos teólogos moralistas. […]

É nosso dever comum, e nossa graça comum, ensinar os fiéis

A responsabilidade pela fé e pela vida de fé do povo de Deus ­pesa duma maneira peculiar e precisa sobre os Pastores, como nos lembra o Concílio Vaticano II: “Entre os principais encargos dos Bispos ocupa lugar preeminente a pregação do Evangelho. Os Bispos são os arautos da Fé que para Deus conduzem novos discípulos. Dotados da autoridade de Cristo, são doutores autênticos, que pregam ao povo a eles confiado a Fé que se deve crer e aplicar na vida prática; ­ilustrando-a sob a luz do Espírito Santo e tirando do tesouro da Revelação coisas novas e antigas (cf. Mt 13, 52), fazem-no frutificar e solicitamente afastam os erros que ameaçam o seu rebanho (cf. II Tim 4, 1-4)” (Lumen gentium, n.25).

É nosso dever comum e, antes ainda, nossa graça comum, ensinar aos fiéis, como Pastores e Bispos da Igreja, aquilo que os conduz pelo caminho de Deus, tal como fez um dia o Senhor Jesus com o jovem do Evangelho. Ao responder à sua pergunta: “Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?”, Jesus apontou para Deus, Senhor da criação e da Aliança; lembrou os mandamentos morais, já revelados no Antigo Testamento; indicou o seu espírito e radicalidade, convidando a segui-Lo na pobreza, na humildade e no amor: “Vem e segue-Me!”. A verdade desta doutrina teve a sua chancela sobre a Cruz no Sangue de Cristo: tornou-se, no Espírito Santo, a nova lei da Igreja e de cada cristão.

Esta “resposta” à questão moral está confiada por Jesus Cristo de um modo particular a nós, Pastores da Igreja, chamados a torná-la objeto do nosso magistério, e, portanto, no cumprimento do nosso munus propheticum. Ao mesmo tempo, a nossa responsabilidade de Pastores, quanto à doutrina moral cristã, deve ser atuada também na forma do munus sacerdotale: isto realiza-se quando distribuímos aos fiéis os dons da graça e da santificação, como meio para obedecer à Lei santa de Deus, e quando, com a nossa assídua e confiante prece, sustentamos os crentes, para que sejam fiéis às exigências da Fé e vivam conforme ao Evangelho (cf. Col 1, 9-12). A doutrina moral cristã deve constituir, sobretudo hoje, um dos âmbitos privilegiados da nossa vigilância pastoral, do exercício do nosso munus regale. (Excertos da Encíclica Veritatis splendor do Sumo Pontífice João Paulo II, 6/8/1993) – Revista Arautos do Evangelho, Novembro/2015, n. 167, pp. 6-7)

 
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