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Arautos


Arautos no Mundo


Proclamar como cavaleiros o Santo Nome de Deus
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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O sacerdote deve ser santo em sua vida, deve ser santo em sua integridade
moral, deve ser santo em sua ortodoxia de pensamento, deve ser santo em
sua palavra. Somente assim poderá convencer, arrastar e arrebatar

Cardeal Franc Rodé, CM
Prefeito emérito da Congregação para os Institutos de
Vida
Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica

Aos senhores, queridos irmãos, que hoje pronunciarão o seu “Præsto sum!”, o seu “sim” definitivo ao Senhor, dirijo minha saudação, meu afeto, minha alegria e, sobretudo, minha oração.

Junto com os senhores, saúdo e agradeço a todos aqueles que hoje compartilham conosco este momento de alegria: aos formadores, aos irmãos de vocação, aos pais e demais parentes e amigos que os acompanham hoje com fé e oração. E, de modo particular, ao fundador dos Arautos do Evangelho, Mons. João Scognamiglio Clá Dias, que com vigilante amor os acompanhou durante o seu percurso até o sacerdócio.

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Progresso de uma obra providencial

Quero manifestar-lhe aqui minha profunda satisfação e emoção constatando uma vez mais o progresso constante desta providencial Obra. Deitando suas raízes nas primeiras décadas do século passado, cresceu ela como uma grande árvore ao longo dos anos e foi lançando galhos dos quais surgiram inúmeras flores e substanciosos frutos. Entre estes, podemos dizer que o mais precioso nasceu quando, em 2005, à essência de seu carisma — cujo caráter profético para a presente quadra histórica não podemos deixar de sublinhar — se acrescentou a sagrada unção sacerdotal. A partir de então, se operou a favor desta Instituição uma qualificação sublime, em virtude da mudança ontológica de alguns de seus principais membros, especialmente de Monsenhor.

Ainda recordo quando subi a este presbitério pela primeira vez, em maio de 2007, celebrando outra ordenação de filhos seus. Hoje, é uma Basílica de incomparável beleza que acolhe novamente o mesmo rito. Podemos dizer que o contraste entre
aquele templo que apenas se levantava e o que agora vemos é um eloquente símbolo do crescimento não só quantitativo, mas, sobretudo, qualitativo de sua fundação.

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Sinto-me privilegiado por havê-los acompanhado durante este longo caminhar marcado de felizes circunstâncias, entre as quais guardo especialmente no coração o momento inesquecível, que vivi como testemunha presencial, em que o Sumo Pontífice Bento XVI concedeu de seu próprio punho, num tempo recorde, a aprovação pontifícia da Sociedade de Vida Apostólica Clerical e da feminina, ambas fundações do seio dos Arautos do Evangelho.

A mais alta condição que o homem pode alcançar

Queridos candidatos, sabemos que é o próprio Deus quem escolhe e chama cada um de seus sacerdotes e por isso hoje — depois de seus superiores, sobretudo Mons. João, que os conhece pessoalmente, os terem julgado idôneos para tão alto ministério — também os senhores são convidados a dar um “sim” à vocação sacerdotal; “sim” que serão solicitados a repetir durante toda a vida.

Qual o alcance dessa resposta que hoje lhes pede o Senhor? O Papa Bento XVI assim respondeu durante a Missa Crismal de Quinta-Feira Santa de 2008: “O que significa ‘ser sacerdote de Jesus Cristo’? O Cânone II do nosso Missal, que provavelmente foi redigido já no final do século II em Roma, descreve a essência do ministério sacerdotal com as mesmas palavras com as quais, no Livro do Deuteronômio (18, 5.7), era descrita a essência do sacerdócio veterotestamentário: astare coram te et tibi ministrare”.

Estas palavras nos colocam diante de uma realidade que, à primeira vista, aturde. É que o sacerdócio é a mais alta condição que o homem pode alcançar na Terra. Como embaixador de Deus, ele é chamado a levar os homens aos mistérios que o Altíssimo lhes oferece e, ao mesmo tempo, recebe dos homens as orações e sacrifícios. Sacra dos, sacra dans.

ordenaçao presbiteral_Arautos do Evangelho5.jpg Cardeal Franc Rode.jpg ordenaçao presbiteral_Arautos do Evangelho6.jpg

O sacerdote é, pois, um mediador e, como tal, um continuador de Jesus Cristo. É um outro Cristo. Na Nova Lei há um só Sacerdote por excelência, Jesus Cristo, e um só sacrifício, o da Cruz. E o sacerdócio ministerial é uma participação na plenitude desse sacerdócio único de Nosso Senhor Jesus Cristo no qual os sacerdotes servem de instrumento para o Sumo e Eterno Sacerdote.

“Do vencedor farei uma coluna no Santuário”

Enfim, quando se procura derrubar esse majestoso edifício nascido do Costado transpassado do Salvador e construído sobre a fé de Pedro, os senhores ardem de desejo de ver realizada a oração composta pelo Redentor: “Venha a nós o vosso Reino, faça-se a vossa vontade, na Terra como no Céu” (Mt 6, 10).

A esses que assim procedem e vencem com sua integridade os desafios do mundo, o que promete o Espírito? “Do vencedor farei uma coluna no Santuário do meu Deus, e daí não sairá jamais. Nela gravarei o nome do meu Deus” (Ap 3, 12). Eis aqui o fruto de sua fidelidade, que devem renovar a cada instante: ser colunas na Santa Igreja para sempre e ter o nome de Deus gravado em si, ou seja, receber o inefável dom de ser transformados naqueles santos que, segundo a feliz imagem de São Luís Maria Grignion de Montfort, serão como cedros do Líbano ao lado de arbustos se comparados aos que conheceram os tempos anteriores, para que todos saibam que Deus os amou (cf. Ap 3, 9).

Assim, neste mundo infiel, os senhores serão o sinal da presença vitoriosa de Jesus, serão mediadores de sua graça, arautos de sua Palavra. Palavra que sempre encontra eco favorável no coração do homem que sabe reconhecer a voz do verdadeiro Pastor. E tudo isso, apesar de suas limitações humanas e suas misérias — fracos, mas fiéis — pois existe uma luz que é inseparável do sacerdote.

Se o sacerdote corresponde a essa luz que, em virtude da graça própria de seu ministério, habita nele, sua pessoa e todos os seus atos terão um resplendor muito maior do que lhe pode proporcionar a natureza. Por isso, os senhores, se viverem na integridade a santidade, transmitirão de forma mais autêntica os bens espirituais,
em razão de sua maior união com Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, procurem fazer o possível para que sua vida seja de acordo com o que anunciam aos
outros: Imitamini quod tractatis, conforme diz o ritual da ordenação. Não olvidem que o sensus fidelium do povo cristão — o qual deseja que o sacerdote seja um homem de Deus, sobre cujo rosto se manifeste seu estar diante do Senhor — discerne rapidamente se seu pastor vive unido a Deus ou com o coração disperso.

Ter um horizonte distinto daquele do mundo

Considerando estas verdades, fica evidente que o mundo dos divinos mistérios deve ser transparente para o sacerdote. Ele deve ver os acontecimentos, a História, a humanidade do ponto de vista das realidades eternas — sub specie æternitatis
—, deve falar da perspectiva da eternidade, pois essa perspectiva é sempre atual.

Nesse sentido, não olvidemos que a Igreja os envia como sacerdotes a um mundo que, com frequência, absolutiza as realidades da terra e dá um caráter de perenidade ao efêmero; um mundo cujos horizontes são puramente terrenos. Jesus, que possuía uma visão realista do homem, dizia sem rodeios a seus Apóstolos que os enviava “como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10, 16). Os senhores devem ter um horizonte
distinto daquele do mundo; devem viver em outro plano, num espaço que se abre ao infinito, num tempo que tende à eternidade. Os senhores receberam a vocação sacerdotal em circunstâncias singulares, em meio a um processo que, visando a negação de Deus na ordem humana, parece ter como objetivo a destruição da Santa Igreja Católica Apostólica e Romana, que é de si imortal.

Isso não os deve assustar, pois me faz recordar aquela passagem do Apocalipse na qual São João dirige uma mensagem a cada uma das sete igrejas da Ásia. É opinião de numerosos santos e exegetas que cada uma das igrejas simboliza uma época histórica. Ao falar da Igreja de Filadélfia, podemos discernir alguns traços desta na qual vivemos:“Conheço as tuas obras. Eis que pus diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar; porque tens pouca força, e guardaste a minha palavra, e não negaste o meu
nome” (Ap 3, 8).

Os senhores — e faço extensiva esta menção a todos os arautos aqui presentes — foram chamados a esta vocação sublime, para a qual são irrelevantes e fracos, num mundo onde campeiam o pecado e a impiedade. Entretanto, aos olhos de Deus Onipotente, os senhores ostentam com galhardia a fidelidade à sua Palavra e, numa civilização que apostata a passos rápidos, não apenas não renegam, mas proclamam aos quatro ventos, com donaire de cavaleiros, o Santo Nome de Deus.

Santos em cujo coração circula o fogo

Portanto, queridos irmãos e irmãs, temos de rezar por estes filhos de Mons. João que serão agora ordenados, não somente para serem bons, mas para serem perfeitos. O sacerdote deve ser santo em sua vida, deve ser santo em sua integridade moral, deve ser santo em sua ortodoxia de pensamento, deve ser santo em sua palavra. Somente assim poderá convencer, arrastar e arrebatar os demais rumo ao Céu. Como disse certa vez o seu fundador, o sacerdote deve ser um santo em cujo coração não circule sangue, mas sim fogo.

ordenaçao presbiteral_Arautos do Evangelho8.jpg Cardeal Franc Rode e Monsenhor Joao Cla.jpg

Sejam sacerdotes inflamados de amor a Deus. Homens de coração ardente que façam chegar ao Trono da Divina Graça os pedidos chamejantes desta Obra predestinada para que, como incenso de agradável perfume, sejam acolhidos por Deus com benevolência.

Para isso pedimos a intercessão de Maria, a Mãe celeste dos sacerdotes, a primeira que pronunciou um “sim” que os senhores devem imitar; que aos pés da Cruz Se uniu
ao sacrifício de seu Filho e, depois da Ressurreição, no Cenáculo, recebeu com os Apóstolos o dom do Espírito. Que Ela os ajude a deixarem-se transformar interiormente pela graça de Deus. Apenas dessa maneira poderão ser imagens fiéis do Bom Pastor. E poderão desempenhar com alegria a missão de conhecer, guiar e amar a grei que Jesus conquistou com o preço de seu Sangue. Amém. Homilia na Missa de ordenação presbiteral, 22/8/2014 (Revista Arautos do Evangelho, Outubro/2014, n. 154, p. 22 à 25)

 
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